Projeto de vida na escola e o pós-pandemia
13 de agosto de 2020
O Novo Ensino Médio torna obrigatório que o Projeto de Vida seja trabalhado em sala de aula. Segundo o Ministério da Educação (MEC), nele devem ser desenvolvidas habilidades como ser cooperativo, saber defender suas ideias, entender as tecnologias, compreender, respeitar e analisar o mundo ao seu redor. Se um dos papéis do Projeto de Vida na escola é trabalhar a relação do estudante com a sociedade, como essa dinâmica passará a funcionar depois do novo coronavírus e do isolamento social imposto por ele?
Como mostrar ao jovem seu espaço e incentivá-lo a ser ativo em uma sociedade vivendo em isolamento? Como instigar o adolescente a pensar no futuro, especificamente, no seu futuro, diante de tantas perdas?
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Os caminhos do Projeto de Vida na escola
Uma pesquisa, lançada em junho pela Fundação Roberto Marinho (FRM) uniu dados coletados antes da pandemia com a análise de consultores. Esses, por sua vez, localizaram as informações nas problemáticas pós-Covid-19. Intitulada “Juventudes, Educação e Projeto de Vida”, ela consultou 1500 jovens das classes C, D e E. O que incluiu estudantes que deixaram a escola sem concluir os estudos e traçou três perfis:
- autoconfiantes (28%), que se sentem totalmente capazes de alcançar seus objetivos;
- pragmáticos (31%), que costumam ter sonhos mais práticos, relacionados à melhoria de condições financeiras;
- desesperançosos (33%), que não se sentem capazes de realizar seus sonhos e, muitas vezes, não têm objetivos bem estabelecidos.
De acordo com o mapeamento, é de extrema importância, principalmente aos jovens pertencentes ao perfil desesperançoso, ter uma rede de apoio e se sentir acolhido. Com as escolas fechadas e muitos sem sequer ter aulas remotas, há a possibilidade do distanciamento resultar em uma grande evasão escolar no pós-quarentena.
A escola e a família são as instituições primárias no desenvolvimento de valores, competências e conhecimentos e é aí que o Projeto de Vida na escola tem seu papel fundamental. Além de mostrar o caminho entre o “quem sou?” e o “o que eu quero ser?”, durante esse isolamento social e no pós-pandemia o projeto de vida tem de ser o local onde o estudante encontra apoio para escolher e tomar as decisões que irá seguir no Ensino Médio e em seu futuro pessoal e profissional, mas também, ser o espaço de escuta e de diálogo sobre tudo o que tem ocorrido no mundo.
Pensar no futuro?
Os passos para desenvolver o projeto de vida na escola agora podem começar com ações como webinários, cursos de curta duração, oficinas para professores e pais. Em seguida, voltando os olhos para os estudantes, conversas com profissionais qualificados para discutir os sentimentos e percepções dos jovens, oficinas de expressão e comunicação, atividades complementares sobre autoconhecimento, criatividade, resolução de problemas, empreendedorismo, gestão do tempo e orientação de estudos.
A princípio, a escola pode também oferecer um tutor de Projeto de Vida que atuará por classe. Ele será responsável por identificar os maiores problemas e diluí-los ao longo do percurso formativo. Da mesma forma, é possível definir vários tutores que ficariam responsáveis por um grupo de estudantes e os acompanharia um a um durante todo um ciclo, que pode ser até o fim desse ano caótico ou até a conclusão do Ensino Médio. A escola define a prioridade de acordo com as necessidades de sua comunidade.
Tudo isso pode ser integrado no currículo e abordado de forma sequencial e, na volta às aulas, continuar sendo oferecido de forma híbrida – online e presencialmente. Assim, o estudante percebe que o currículo fala com ele e responde aos seus anseios e questionamentos, ajudando-o a ampliar suas visões de mundo.
Uma causa de todos
O Projeto de Vida na escola precisa ser assumido por gestores, docentes e pais. Se ele é um eixo fundamental, deve aparecer no centro do currículo e não apenas como uma atividade isolada e complementar. Cada escola precisa observar sua realidade, os impactos da pandemia na comunidade e desenhar ações viáveis e personalizadas de acordo com a multiplicidade na qual está inserida.
Por isso, é importante envolver as famílias, trazê-las para esta discussão, e também os estudantes, para que opinem, entendam o processo e ajudem. Antes de pensar no futuro, o jovem precisa vivenciar o presente da melhor forma, sem traumas e consciente de seu espaço social.
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Fontes: Novo Ensino Médio; A importância de construir Projetos de Vida na Educação.